Tem um problema e vai usar design thinking para resolvê-lo? Calma aí!
Pouca gente sabe que a inovação necessita de uma abordagem diferente e adequada para acontecer. A verdade é que muitos empreendedores, startupeiros e mesmo grandes empresas encaram a inovação como apenas mais um projeto comum a ser iniciado. E sabemos que muitas vezes isso resulta em tentativas caras e frustrantes de gerar novos produtos e negócios. Precisamos nos conscientizar que cada problema requer uma ferramenta adequada.
Veja o nosso artigo sobre como enxergar e categorizar problemas.
No contexto atual, em que as inovações de alto impacto não são mais casuais nem raras, é preciso aprender a fazê-las de forma mais assertiva, senão o futuro é a fuga de clientes para produtos e serviços melhores e então, será o fim. Afinal, como disse a revista The Economist, “Hoje, a inovação é reconhecida como o ingrediente mais importante em qualquer economia moderna”.
A busca pelo know-how (saber como fazer) em inovação não é nova. A primeira evidência histórica de racionalizar o processo de criação (design) de novos produtos foi no século I a.C., com Vitruvius, no Tratado de Arquitetura[1]. Nesse assunto, é possível traçar uma linha do tempo até as metodologias de inovação atuais. Mas foquemos agora no assunto desse post e traremos isso em detalhes em outra oportunidade.
O que precisamos contextualizar por agora é que as tentativas de racionalizar o processo de design evoluíram e deram origem a duas vertentes: o design regrado e o design inovador.
- Design regrado: adequado ao desenvolvimento de produtos ou resolução de problemas de modelos estabelecidos, isto é, o objetivo, o conhecimento necessário, as interações e os métodos de avaliação e validação são conhecidos. Exemplo: melhorar a performance de um computador.
- Design inovador: adequado a situações de incerteza, quando há falta de clareza sobre o problema e suas consequências, isto é, mais adequada e sustentável em contextos de inovação intensiva. Exemplos: redefinir o conceito de motores de veículos para que se tornem mais econômicos e ao mesmo tempo menos poluentes e mais performantes ou aumentar a lealdade de clientes de uma rede de restaurantes que começou a perceber perda considerável de mercado.
Os esforços contínuos em desenvolver processos de design inovadores geraram diversas metodologias de inovação e, dentre elas, há o Design Thinking, que é um conjunto de comportamentos, habilidades, visões e técnicas baseados na maneira de pensar do designer. Porém, nem toda metodologia é adequada a qualquer tipo de problema.
Veja como o Design Thinking já foi aplicado em áreas como a saúde clicando aqui!
Parece uma forma poderosa de resolver problemas não é? Entretanto, o Design Thinking não serve para tudo. E, antes de sair usando essa abordagem, é importante se fazer 6 questões:
- O problema é centrado no ser humano?
- Quão claro é o seu entendimento sobre o problema?
- Qual é o nível de incerteza da situação?
- Qual é o grau de complexidade?
- Quais dados já estão disponíveis para você?
- Qual é o seu nível de curiosidade e influência acerca do problema?
Baixe aqui o nosso Problem-fit Canvas[2] com as seis questões para analisar o seu desafio.
Então, caros colegas inovadores, tenha certeza de que você tem o tipo certo de problema para o qual será usado o Design Thinking. Após identificar uma oportunidade de inovação, é importante considerar se a abordagem escolhida é a mais adequada.
O Design Thinking é uma abordagem para resolver problemas especialmente voltados a condições de alta incerteza e, por isso, é possível usar um arsenal de ferramentas que gerenciam o risco através de pequenos e rápidos ciclos de experimentação e aprendizado. Em outros casos, métodos mais lineares podem funcionar melhor.
Mas o que são esses tais de métodos lineares?
Tome, por exemplo, um desafio operacional onde a mudança requerida é mais incremental (uma melhoria simples em cima do que já existe) e a quantidade de dados do passado permite predizer o futuro (já utilizaram uma solução no passado e deu certo). Isso é um caso em que métodos analíticos serão um recurso mais eficiente.
Da mesma forma, os problemas podem mudar de perspectiva, de mais adequados ao Design Thinking para mais adequados a um método linear.
Por exemplo, conhece o Zipcar? É um serviço inovador de compartilhamento de carros. A criação original do Zipcar era ideal para o Design Thinking. Uma nova categoria de serviços de transporte: aluguel do carro por uma hora, com um elemento de responsabilidade social representado pelo compartilhamento.
Por mais de um ano depois, o Zipcar mostrou servir muito bem como modelo para um contexto urbano e denso. À medida que mais dados do mercado urbano fossem obtidos, o acompanhamento do modelo de negócio iria se tornando um tipo de problema mais voltado a métodos lineares.
Então, para o seu desafio, use nosso Problem-fit Canvas como um guia para avaliar a sua oportunidade de inovação.
[1] Fonte: Hooge, S., An Introduction to Innovative Design – Elements and Applications of C-K Theory. Presses des Mines – TRANSVALOR, 2014.
[2] O Problem-fit Canvas foi inspirado nas questões de análise propostas no livro The Designing for Growth Field Book – A step-by-step project guide, por Jeanne Liedtka et al.
Veja cases de projetos em Design Thinking realizados pela Grand Designs clicando aqui.